O que é Tecnologia Social? Saiba como você pode gerar renda e contribuir para um mundo mais justo
É possível aplicar uma Tecnologia Social em todas as áreas da sociedade com a intenção de colaborar com impactos positivos nas vidas das pessoas e no meio meio ambiente, ao mesmo passo que impulsiona a geração de renda através de demandas sociais, envolvendo alimentação, cultura, saúde, habitação, meio ambiente, igualdade de raça e gênero, dentre outras.
Você conhece o soro fisiológico caseiro? Se a sua resposta foi sim, parabéns! Você já sabe o que é uma Tecnologia Social (TS). Essa solução barata e abundante, feita da mistura de 1 litro de água filtrada, mineral ou fervida, mais 1 colher de sopa de açúcar (20g), junto com 1 colher de café de sal (3,5g), ajudou a salvar milhões de vidas no mundo inteiro
Aqui no Brasil, o soro caseiro foi amplamente utilizado durante a epidemia de cólera de 1991 a 1994, sobretudo nas regiões norte e nordeste do país. Em 1983, Zilda Arns, médica pediatra e sanitarista brasileira, fundadora da Pastoral da Criança, passou a treinar voluntários com o objetivo de ensinar as mães, em vulnerabilidade social, a usar o soro caseiro, essa medida acelerou o acesso das pessoas a essa tecnologia.
Esse exemplo nos ajuda a entender como uma Tecnologia Social (TS) torna o mundo mais justo e como suas múltiplas aplicações geram impactos positivos na sociedade com o desenvolvimento de soluções criativas e sustentáveis, que melhoram a qualidade de vida das pessoas e também impulsiona carreiras profissionais no Brasil e no Mundo.
É possível atuar com uma TS em todas as áreas da sociedade, tendo como premissa, a disseminação de soluções para problemas voltados a demandas de geração de renda, trabalho, educação, conhecimento, cultura, alimentação, saúde, habitação, recursos hídricos, saneamento básico, energia, meio ambiente, igualdade de raça e gênero, dentre outras.
É importante destacar, que para ser uma TS na prática, é necessário que sua aplicação no território seja efetiva, replicável e que promova a Inclusão Social, colaborando na melhoria da qualidade de vida das populações em situação de vulnerabilidade social.
É possível estabelecer o conceito de Tecnologia Social em quatro dimensões:
- Educação – Uma TS se desenvolve num diálogo entre saberes populares e científicos; TS é apropriada pelas pessoas e por comunidades, que ganham autonomia;
- Conhecimento – A TS utiliza a ciência e a tecnologia como ponto de partida dos problemas sociais, feita com organização e sistematização, introduzindo ou gerando inovação nas comunidades;
- Participação Social – A TS é guiada pela cidadania e democracia, adotando metodologias participativas nos processos de trabalho, isso impulsiona sua disseminação e reaplicação.
- Relevância Social – Uma TS precisa ser eficaz na solução de problemas sociais; TS tem sustentabilidade ambiental; TS provoca a transformação social.
As Tecnologias Sociais contribuíram, de forma participativa e democrática, com os Objetivos do Milênio (ODM) da Organização das Nações Unidas (ONU). Agora, com Agenda 2030 da ONU e seus 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) (https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030), as tecnologias sociais são importantes instrumentos para a construção de um mundo mais justo, resiliente e sustentável.
Projeto de Lei – Política Nacional de Tecnologia Social
Projeto de Lei do Senado n° 111, de 2011, de autoria do atual Deputado Federal, Lindbergh Farias tramita no legislativo, institui a Política Nacional de Tecnologia Social está parado desde 2018. A aprovação desta lei se traduziria em ganhos à sociedade brasileira, somando esforços para o impulsionamento de novas tecnologias ao mesmo passo, que poderá fomentar apoio a tecnologias sociais brasileiras já em execução.
Tecnologia Social das Produtoras Culturais Colaborativas
A Tecnologia das Produtoras Culturais Colaborativas criada em 2010 é um exemplo prático que está mudando a forma de pensar e fazer produção cultural no Brasil. A Tecnologia Social é guiada pela premissa dos Conhecimentos Livres e organiza espaços comunitários ociosos para transformar em Empreendimentos Criativos, que envolvem Produção Cultural, Comunicação Digital, Mídia Livre e Criatividade.
Nestes ambientes são criadas Produtoras Culturais Colaborativas, onde são instalados telecentros e oferecidas capacitações gratuitas, na área de Vídeo, Fotografia, Design, Jornalismo, Rádio Web, Streaming, Produção Cultural e Gestão Colaborativa. A gestão inovadora das Produtoras utiliza os princípios da Colabor.AÇÃO, tomada de decisão coletiva e autogestão.
Para as ferramentas de trabalho são utilizados Softwares e Plataformas Livres legalizadas e seguras. Isso barateia custos e garante uma ambiente seguro na gestão do empreendimento, para tomada de decisões coletivas e gerenciamento eficaz dos projetos e tarefas da equipe, que compõem a Produtora.
Os conhecimentos adquiridos nestes espaços são norteados para aplicação prática no território qual a Produtora Cultural Colaborativa está instalada. As atividades práticas priorizam a salvaguarda das culturas tradicionais e populares, além de atuar na prestação de serviços de comunicação e produção no mercado tradicional.
A Tecnologia Social das Produtoras Culturais Colaborativas se consolidou uma referência na salvaguarda da Cultura Tradicional do Brasil e se orgulha de gerar impactos positivos na vida de milhares de pessoas em todo país, conectando formações de base comunitária a geração de emprego, trabalho e renda.
Em 2015, a TS das Produtoras Culturais Colaborativas foi certificada pela Fundação Banco do Brasil e atualmente integra o respeitado Banco de Tecnologias Sociais da Instituição, o que comprova a eficácia transformadora desta tecnologia social.
Conheça mais sobre esta Tecnologia Social no vídeo abaixo
Rede Nacional das Produtoras Culturais Colaborativas
Hoje, com a característica replicável e adaptável da tecnologia social, se consolida e se fortalece em uma Rede Nacional de Produtoras Culturais Colaborativas, composta por Pontos de Culturas, Cooperativas, Organizações da Sociedade Civil, Artistas, Mestras, Brincantes, Produtores, Comunicadores, Agentes Culturais e entre outros.
Atualmente a Rede está presente em todas as 5 regiões do Brasil, distribuídos em 8 estados, que adaptam estas ideias e implementam parcialmente ou totalmente esta tecnologia social, através da oferta de produtos e serviços, traduzidos em arranjos produtivos locais.
Encontros Nacionais das Produtoras Colaborativas
Esta rede já organizou dois encontros nacionais (Chapada Diamantina – BA e Belém – PA) e encontros regionais no norte, sul e nordeste. O terceiro encontro está sendo articulado, com previsão de realização em fevereiro de 2025, novamente na Chapada Diamantina – BA.
Pront@ para mudar o mundo? Se aproprie das Tecnologias Sociais existentes e impacte a sua vida e o mundo ao seu redor.