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Softwares livres na pauta da economia solidária na Argentina

Nos dias 16, 17 e 18 de setembro de 2019 ocorreu o II Congresso Nacional de Economía Social y Solidaria da Argentina.O congresso se realizou na Universidad Nacional de Quilmes (UNQ) e foi co-organizado pelas Universidades Nacionales do Centro da Provincia de Buenos Aires, General Sarmiento, San Juan, Tres de Febrero, Santiago del Estero e La Plata no marco da Red Universitaria de Economía Social y Solidaria (RUESS).

Fachada da UnQ

O congresso contou com participação de pesquisadores, militantes, empreendedores, Estado e sociedade civil. Após o primeiro dia de recepção com atrações culturais e palavras das instituições organizadoras, com destaque para apresentação do mapa do conhecimento da economia social e solidária, foi o segundo dia o mais proativo, onde os participantes se dividiram em 12 eixos que agregavam temas desde agricultura, feminismo, trabalho e inovação social e tecnologia. O terceiro dia foi dedicado a culminância e aos principais achados advindos dos eixos.

Fonte: Facebook do evento

Um dos destaques foi a feira de economia solidária instalada no local. A mesma agregou diversos produtos desde artesanato, passando por culinária até produtos da agricultura familiar. A novidade foi que metade do valor da inscrição (300 pesos argentinos de um total de 600) foi revertida para a consumação na feira.

Ticket para comprar na feira

Participei no eixo 10, intitulado Inovação social e tecnologia na economia social e solidária, onde apresentei o trabalho com título Softwares livres e autogestão: O caso das produtoras culturais colaborativas. Na primeira parte foram realizadas falas de especialistas no tema, com destaque para Hernán Thomas (UnQ) uma das referências no debate em torno do conceito de tecnologias sociais na América Latina. Na seção também se falou de tecnologias livres e cooperativismo e de desenvolvimento territorial.

No segundo momento foram levantadas questões detonadoras das discussões para o grande grupo. Depois os participantes foram divididos em três grupos agrupados por tema de interesse, onde todos apresentaram seu trabalho e em seguida, os principais achados de cada equipe foram socializados, neste momento de volta ao grande grupo. Este processo dialógico foi bastante produtivo e permitiu as intervenções de todos de maneira mais livre e dialógica, condizente com a práxis pedagógica da economia solidária. Um sistematizador em cada grupo trouxe foco e fluencia às dinâmicas, além de registrar os achados.

Importante ressaltar que a agenda do software livre estava em evidência no congresso. Já no material que os inscritos receberam havia uma cartilha sobre soberanía tecnológica e um livro manual de tecnologias abertas para organizações da economia social e solidária, produzidos pelo pessoal da cooperativa de desenvolvedores de software gcoop. Durante as seções muitas intervenções ressaltaram a relação entre o uso de softwares livres e as práticas solidárias.

O encontro foi uma importante oportunidade de congregação e compartilhamento de experiências de iniciativas da economia solidária, social e popular, com a reunião das diversas frentes envolvidas, universidades, cooperativas, pesquisadores, usuários dos serviços, assim que foi um momento importante para a comunidade da economia solidária na América Latina. O clima de otimismo imperava com a esperança local da volta de uma presidência mais próxima aos princípios da economia solidária, ainda que em alguns momentos o questionamento ao papel do Estado e as alternativsa para a autonomia estivesse presentes nos debates.

O congresso na Argentina mostrou o quão diverso é o campo da economia solidária e que o mesmo é uma alternativa factível para a sustentabilidade em todas as dimensões desde a ambiental até a econômica, no contexto latino americano e até mesmo do Sul global.

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